quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Mal-me-quer

Nunca gostei muito destes mal-me-queres!
De dia até mostram a sua beleza... mas à noite perdem todo o encanto, porque se fecham em si mesmos!
Quando me pûs a reflectir o porque deste milagre da natureza,
parei e associei-o às nossas vidas:
quando o sol brilha tudo em nós é beleza, alegria e aroma,
mas quando chega a noite escura a janela da nossa alma fecha-se,
não permitindo a entrada de quem não queremos!
Como Deus nos fez tão maravilhosamente e nós nem nos apercebemos!
"Deus viu que tudo isto era bom"
Afinal, o Homem é o "senhor da criação", mas não pode ter a pretensão de se afastar superiormente dela.
Aqui fica uma pequena fechadura! Seremos nós capazes de a abrir???

Poema em linha recta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico das criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado,
Para fora da possiblidade do soco;
Eu que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu que verifico que não tenho par nisto neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo,
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu um enxovalho,
Nunca foi senão - princípe - todos eles princípes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana,
Quem confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó princípes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde há gente no mundo?
Então só eu que sou vil e erróneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Álvaro de Campos

Meteoritos


É com muita pena que aqui venho tão poucas vezes, mas a correria dos dias, cheios de trabalho e, por vezes, fadigas desnecessárias não me permitem uma maior assiduidade!

Hoje queria partilhar convosco uma frase, que, apesar de não gostar de a ouvir não perde o seu fundamento: "Tu não és o sol, sobre os qual giram todos os planetas".

É duro ouvir-se, mas também nos faz bem, para cairmos no mundo real e ver que afinal a nossa via láctea, rodeada de tantas estrelas (que consideramos amigos, pelo brilho que nos oferecem), por vezes lança assim alguns meteoritos...

É mais um ensinamento, nesta minha luta pessoal de me tornar mais humilde, embora o não consiga muito facilmente!

É mais uma chave para abrir portas enferrujadas.

terça-feira, 6 de novembro de 2007


Hello!

Cá estou novamente, depois de alguns dias intensos!

Hoje apetece-me cantar um hino à vida e por isso deixo um poema de Antero de Quental (que paradoxalmente se suicidou)...

É simplesmente uma visão da vida... que afinal vale sempre a pena!
Quando se fecha uma porta abre-se sempre uma janela.